Biografia
de D. Afonso Henriques
Data e local do nascimento
Subida ao Trono
Em 1120, Afonso tomou uma posição política oposta à da mãe, sob a
direcção do arcebispo de Braga D. Paio Mendes. Este, forçado a emigrar, levou consigo o
infante que em 1122 se armou cavaleiro em Tui
Restabelecida a paz, voltaram ao condado.
Entretanto, novos incidentes provocaram a invasão do Condado Portucalense por Afonso VII de Leão e Castela que, em 1127, cercouGuimarães, onde se encontrava Afonso Henriques.
Sendo-lhe prometida a lealdade deste pelo seu aio Egas Moniz, Afonso VII desistiu de conquistar a cidade.
Mas
alguns meses depois, em 1128, as tropas de Teresa de Leão e Fernão Peres de Trava defrontaram-se com as de Afonso Henriques na batalha de São Mamede, tendo as tropas do infante saído vitoriosas
– o que consagrou a sua autoridade no território portucalense,
levando-o a assumir o governo do condado. Consciente da
importância das forças que ameaçavam o seu poder, concentrou os seus esforços
em negociações junto da Santa Sé com um duplo objectivo: alcançar a plena autonomia da Igreja
portuguesa e obter o reconhecimento do Reino.
Em 1139, depois de uma estrondosa vitória na batalha de Ourique contra um forte contingente
mouro, D. Afonso Henriques auto-proclamou-se rei de Portugal, com o apoio das suas tropas. Segundo a tradição,
a independência foi confirmada mais tarde, nas míticas cortes de Lamego, quando recebeu a coroa de Portugal do arcebispo
de Braga, D. João Peculiar, se bem que estudos
recentes questionem a reunião destas cortes. Em 1140 Afonso
assina pela primeira vez "Ego Alfonsus portugalensium Rex".
Reconhecimento do reino
O
reconhecimento do Reino de Leão e de Castela chegou em 1143, com o tratado de Zamora, e deve-se ao desejo de Afonso VII de Leão e Castela em tomar o título de imperador
de toda a Hispânia e, como tal, necessitar de reis como vassalos. Desde então, Afonso I procurou consolidar a
independência por si declarada. Fez importantes doações à Igrejas e fundou diversos conventos.
Procurou
também conquistar terreno a sul, povoado então por mouros: Leiria em 1135 usando a técnica de assalto; Santarém em1146, também utilizando a técnica de assalto; Lisboa, Almada e Palmela em 1147, Alcácer em 1160 e depois quase todo o Alentejo, que posteriormente seria recuperado pelos mouros, pouco
antes de D. Afonso falecer.
Em 1179 o Papa Alexandre III reconheceu Portugal como país independente e vassalo da Igreja, através da bula Manifestis Probatum.
Conquista
O Cerco de Lisboa, com início a 1 de Julho de 1147 e que durou até 21 de Outubro, e foi um episódio integrante do processo de Reconquista cristã da península Ibérica, culminando na conquista
desta cidade aos mouros pelas forças de D. Afonso Henriques (1112 - 1185) com o auxílio dos Cruzados em trânsito para o Médio Oriente. Efetivamente, este episódio constituiu o único sucesso da Segunda
Cruzada.
Após a
queda de Edessa, em 1144, o Papa Eugénio III convocou uma nova cruzada para 1145 e 1146. O Papa ainda autorizou
uma cruzada para a Península Ibérica, embora esta fosse uma guerra desgastante
de já vários séculos, desde a derrota dos Mouros em
Covadonga, em 718. Nos primeiros meses da Primeira Cruzada em 1095, já o Papa
Urbano II teria pedido aos Cruzados ibéricos que permanecessem na sua
terra, já que a sua própria guerra era considerada tão valente como a dos Cruzados
em direcção a Jerusalém. Eugénio reiterou a
decisão, autorizando Marselha, Pisa, Génova e outras grandes cidades mediterrânicas a participar na guerra da
Reconquista.
A 19 de
Maio zarparam os primeiros contingentes de Cruzados de Dartmouth, Inglaterra e alguns cruzados Germanos.
A
armada chegou à cidade do Porto a 16 de Junho, sendo convencido pelo bispo
do Porto, Pedro II, a tomarem parte nessa
operação militar. Após a conquista de Santarém (1147), sabendo da disponibilidade dos Cruzados em ajudar, as
forças de D. Afonso Henriques prosseguiram para o Sul, sobre Lisboa.
As
forças portuguesas avançaram por terra, as dos Cruzados por mar, penetrando na
foz do rio Tejo; em Junho desse mesmo ano,
ambas as forças estavam reunidas, ferindo-se as primeiras escaramuças nos
arrabaldes a Oeste da colina sobre a qual se erguia a cidade de então, hoje a
chamada Baixa. Após violentos combates, tanto esse arrabalde, como o a Leste,
foram dominados pelos cristãos, impondo-se dessa forma o cerco à opulenta cidade
mercantil.
Bem defendidos, os muros da cidade mostraram-se
inexpugnáveis. As semanas se passavam em surtidas dos sitiados, enquanto as
máquinas de guerra dos sitiantes lançavam toda a sorte de projéteis sobre os
defensores, o número de mortos e feridos aumentando de parte a parte.
No
início de Outubro, os trabalhos de sapa sob o alicerce da muralha tiveram
sucesso em fazer cair um troço dela, abrindo uma brecha por onde os sitiantes
se lançaram, denodadamente defendida pelos defensores. Por essa altura, uma
torre de madeira construída pelos sitiantes foi aproximada da muralha,
permitindo o acesso ao adarve. Diante dessa situação, na iminência de um
assalto cristão em duas frentes, os muçulmanos, enfraquecidos pelas
escaramuças, pela fome e pelas doenças, capitularam a 20 de
Outubro.
Entretanto,
somente no dia seguinte, o soberano e suas forças entrariam na cidade, nesse
meio tempo violentamente saqueada pelos Cruzados.
Decorrentes
deste cerco surgem os episódios lendários de Martim
Moniz, que teria perecido pela vitória dos cristãos, e da ainda
mais lendária batalha de Sacavém.
Alguns
dos Cruzados estabeleceram-se na cidade, de entre os quais se destaca Gilbert
de Hastings, eleito bispo de Lisboa.
Após a
rendição uma epidemia de peste assolou a região fazendo milhares de vitimas
entre a população.
Lisboa
tornou-se, entretanto, capital de Portugal a 1255.
Cerco de Badajoz
De 1166 a 1168, D. Afonso Henriques apoderara-se de várias praças
pertencentes à coroa leonesa. Fernando II de Leão estava a repovoar Ciudad Rodrigoe o
português, suspeitando que o seu genro estava a fortificar a cidade para o
atacar, enviou um exército comandado pelo seu filho, o infante D. Sancho, contra aquela praça. O rei leonês foi em auxílio da
cidade ameaçada e derrotou as tropas portuguesas, fazendo um grande número de
prisioneiros.
Em
resposta, D. Afonso Henriques entrou pela Galiza, tomou Tui e vários outros castelos, e em 1169 atacou primeiro Cáceres. Depois voltou-se
contra Badajoz na posse dos sarracenos, mas que pertenceria
a Leão, conforme o acordado no tratado de Sahagún assinado entre aquele reino
e Castela.
Não
obstante, sem respeitar estas convenções nem os laços de parentesco que o uniam
a Fernando, o rei português cercou Badajoz para a conquistar para Portugal. Quando os
muçulmanos já estavam cercados na alcáçova, Fernando de Leão
apresentou-se com as suas hostes e atacou D. Afonso nas ruas da cidade.
Percebendo a impossibilidade de manter a luta, Afonso terá tentado fugir a cavalo, mas ao passar pelas portas ter-se-à ferido na coxa contra um dos ferros que a guarneciam. Fernando tratou o seu
sogro prisioneiro com nobreza e generosidade, chamando os seus melhores médicos
para o tratar.
Esta
campanha teve como resultado um tratado de paz entre ambos os reinos, assinado em Pontevedra, em virtude do qual Afonso foi libertado, com a única
condição de devolver a Fernando cidades estremenhas tais como Cáceres, Badajoz, etc, que havia conquistado
a Leão. Estabeleciam-se assim as fronteiras de Portugal com Leão e a Galiza. E mais tarde,
quando os muçulmanos sitiaram Santarém, o leonês auxiliou
imediatamente o rei português.
Morte e legado
Após o incidente de Badajoz, a carreira militar de D. Afonso Henriques
praticamente terminou. A partir daí, dedicou-se à administração dos territórios
com a co-regência do seu filho D. Sancho. Procurou fixar a
população, promoveu o municipalismo e concedeu forais. Contou com a ajuda da ordem religiosa dos cistercienses para o desenvolvimento da economia, predominantemente agrária.
O legado do seu reinado foi, entre outros:
A fundação da nacionalidade, reconhecida
pelo papado e pelos outros reinos da Europa;
A pacificação interna do reino e
alargamento do território através de conquistas aos mouros empurrando as fronteiras do Condado
Portucalense para sul.
A fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra em 1131
O seu túmulo encontra-se no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, em frente ao túmulo do filho D. Sancho I.
Boa relação com judeus
O reinado
de Afonso Henriques ficou marcado pela tolerância para com os judeus. Estes estavam organizados num sistema próprio,
representados politicamente pelo grão-rabino nomeado pelo rei.
O
grão-rabino Yahia Ben Yahia foi mesmo escolhido para
ministro das Finanças de Afonso Henriques, responsável pela coleta de impostos
no reino. Com esta escolha teve início uma tradição de escolher judeus para a
área financeira e de manter um bom entendimento com as comunidades judaicas,
que foi seguida por seus sucessores.
Trabalho
realizado por:
Fernando
Gomes
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